Respeitando as leis da natureza
O velho índio e o jovem
índio entraram na mata, para caçar alguns animais para a refeição
da tribo. Eles penetraram no pantanal de canoa e pararam em uma
margem para descansar das longas remadas.
-Pajé, por que
precisamos vir tão longe para caçar?
-Porque os animais que
precisamos, para a nossa refeição, estão aqui nesta região...
Ontem caçamos perto da aldeia, agora temos que mudar de lugar.
-Para que mudar? Não
seria mais fácil lá perto?
-Não Curumim... Os
animais já saíram de lá, achando que voltaremos para caçá-los
novamente. Precisamos fazer o mesmo, para surpreendê-los... Vem,
vamos indo.
Os dois entraram na mata
fechada e encontraram uma capivara e seus filhotes. O jovem índio
preparou o arco, sacou uma flecha e mirou. O índio velho o impediu,
com uma tapa nas mãos, fazendo-o errar.
-Por que o senhor fez
isso pajé? Ela estava na minha mira.
-Fêmea com cria, não!
-Por que não?
-Você matando a fêmea,
estará matando a cria.
-Eu não ia acertar os
filhotes.
-Mas, ela ia! - disse o
índio velho, apontando para uma vegetação, onde se via os olhos
vivos de uma onça.
A capivara percebeu a
ameaça e fugiu rapidamente com os filhotes, para dentro da vegetação
espessa.
Eles continuaram andando
e uma cobra sucuri enorme passou lentamente diante deles. O jovem
índio puxou do facão, para matá-la e o velho índio o impediu de
novo.
-Por que me impediu de
matá-la, pajé?
-O que ela te fez?
-Nada!
-Então, você fará nada
também! O mesmo direito, que você tem de viver, ela também tem.
O jovem índio estava
inconformado, de ter ido caçar e nada trazer. De repente, uma onça
pintada apareceu na frente deles rugindo, preparando para atacá-los.
-Acerte nela, curumim! -
ordenou o pajé.
O jovem índio sacou do
arco, a flecha e abateu o animal no alto, quando saltava na direção
deles. Eles pegaram o animal morto, amarraram as patas num galho e
carregaram para a canoa.
O jovem índio, cheio de
curiosidade, fez uma pergunta ao pajé, que assolava o seu juízo:
-Pajé, por que não
deixamos a onça ir embora?
-Simples, caro curumim...
Ela estava ali, com o mesmo propósito que nós: pegar uma presa para
o jantar. Esta é a lei da natureza: Caçar somente o que estiver
precisando, não mais do que isso. Como fomos mais astutos, nós
teremos o que comer.
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