Não há mal, que dure para sempre.


O bandido chamado Orelha, pois este era o apelido dele no meio da marginalidade, por ele possuir uma audição apurada. Era o bandido mais arisco, que a polícia já conheceu, pois usava a lei ao seu favor.
Orelha ainda não tinha chegado a maioridade e isso lhe dava uma vantagem diante dos demais bandidos. A possibilidade de fazer qualquer tipo de crime, sem pegar uma pena enorme.
Com um currículo criminoso de dar inveja a qualquer delinquente, Orelha já havia roubado vários carros pela cidade e despachado para o além alguns desafetos seus. Nas horas vagas ganhava uma boa grana dos traficantes transportando drogas para saciar o vício dos filhos dos ricos da zona sul da cidade.
Vocês se matam e eu encho a burra! – dizia ele, que nunca provou do veneno que vendia. – Estão tão drogados, que nem perceberam na fungada a diferença de pô de mármore com cal.
A polícia estava literalmente cansada de deter o Orelha e no dia seguinte a justiça soltá-lo. Ele enchia a boca dizendo, que era di menor e não existia ninguém que pudesse detê-lo. O delegado Fonseca não aguentava mais a chacota dos seus amigos de profissão de outras delegacias.
Não sei o que eu faço, para pegar este demônio.
Fala com o policial Maciel, ele já prendeu uma “penca” de bandidos.
Não adianta prender... A justiça abre a porta da frente e o solta novamente... “ele é apenas uma criança!” “Ele precisa de uma oportunidade na vida!”
Fale com Maciel, talvez ele tenha uma solução.
De tanto insistirem o delegado Fonseca foi conversar com o tal Maciel.
Deixa comigo! – disse ele, animadíssimo.
O delegado achou que o Maciel estava louco, por estar tão animado em pegar o Orelha. O bandido tinha que se chamar “Óleo”, pois ninguém conseguia segurá-lo por muito tempo.
Maciel fuçou os arquivos, que mostrava toda a trajetória de Orelha e fez alguns cálculos. Ele descobriu, que o nome verdadeiro do meliante era Gustavo Freitas. A ficha dele parecia um rolo de pepel higiênico de tão longa. Maciel foi até a casa da mãe dele, obter mais informações sobre o filho.
Há meses que eu não o vejo! Sumiu e nunca mais apareceu.
Puxa, um amigo meu arranjou um emprego para ele, mas ele precisava saber se ele já fez dezoito anos.
Por coincidência, o aniversário dele é amanhã e vai fazer 18 anos.
Que bom! Vou falar com o meu amigo, para guardar a vaga dele. Se ele aparecer, diga que voltarei aqui para levá-lo.
Maciel partiu e a mãe de Orelha disse:
Trabalho? Gustavo? Vai ser difícil.
Maciel encontrou-se com Fonseca e lhe entregou um papel.
Preciso que você compre isso e leve neste endereço amanhã a noite.
Você tá brincando? – disse olhando o papel.
Não, não estou brincando! Nunca falei tão sério em toda a minha vida.
Tá bom! Se é assim que você quer.
No dia seguinte, Orelha fez a maior série de criminalidade já feita em toda a sua vida. Como sempre, a polícia conseguiu capturá-lo, dentro de um carro roubado cheio de drogas e armas pesadas.
Não adianta me prender seus otários... A justiça está do meu lado e me soltará! – disse ele, cheio de confiança.
Desta vez seu desejo não será realizado Orelha. – disse Maciel.
Por que você diz isso?
Hoje é o dia do seu aniversário e nós compramos um bolo para comemorarmos juntos.
O delegado Fonseca veio trazendo o bolo com uma vela de 18 anos e cantando:

Hoje é o dia do seu aniversário, parabéns! Parabéns!... Faço votos que chegue ao centenário...

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