A inveja é inimiga da amizade



Luciano chegou em casa e encontrou seu avô na sala assistindo o jornal da noite. Ele tinha chegado da faculdade, após alguns testes para trabalhar em um hospital. O velho Olavo o olhou e tornou a olhar para tevê. Sabia ele, que o neto estava com algum tipo de problema. Então, o senhor Olavo pegou o controle remoto e desligou a tevê.
O que foi vô? Desistiu de assistir a tevê, logo na hora do noticiário político?
Eu já sei o que eles irão dizer... Não tem importância.
Como sabe, se o senhor ainda não assistiu?
Com certeza é mais um escândalo envolvendo desvio de verbas públicas por políticos corruptos... Tudo acabará em “pizza” mesmo... Além do mais, eu tenho algo mais importante para ver agora.
O que é vô?
Você, Luciano!
Eu?
Sim, você! O que houve?
Nada, vô!
Você pode enganar a qualquer um, menos a mim... Vamos! Comece a falar.
Não dá para esconder nada do senhor, não é mesmo?
Ainda bem, que sabes disso! Estou esperando!
Luciano respirou fundo e disse desanimado:
Eu consegui um estágio no hospital público da cidade.
Que bom! Fico feliz em saber que você foi recompensado pelo seus esforços... Mas, parece que você não está muito satisfeito. Acertei?
Estou feliz por ter conseguido, mas estou triste porque tomei o lugar de um grande amigo: o Hugo. – disse ele, sobre o amigo de infância. - Ele está chateado comigo por causa disso.
Filho, vou lhe dizer uma coisa para guardar em sua mente pelo resto de seus dia aqui... Ninguém, eu disse, ninguém toma o lugar de ninguém porque quer.
Como não? Havia uma vaga, eu e ele estávamos lá fazendo as provas.
Quem tirou a maior nota?
Eu... 9.9 pontos.
E ele?
Ele tirou 4.8 pontos.
Você não tomou a vaga dele, foi ele que perdeu a vaga para você.
E não é a mesma coisa?
Não, não é! Eu vou lhe dizer porquê. Eu posso até fingir ser desatento, mas vejo tudo nesta casa. Nos últimos meses, antes desses testes, Hugo esteve aqui todos os finais de semana te chamando para a tal festa... Qual nome mesmo?
Balada! É assim que a galera fala vô! Balada!
Isso! E você, o que dizia para ele?
Eu dizia que não podia, pois precisava estudar.
Uma vez, ele disse que você iria ficar doente de tanto debruçar sobre os livros. A vida era bela e precisava aproveitar todas as noites.
O senhor ainda lembra disso?
Filho, eu estou numa idade, que só lembro o que é necessário, o restante eu apago.
Então, o senhor acha que eu não tomei o cargo de Hugo?
Se ele fosse realmente o seu amigo, ele teria lhe dado os parabéns e não ter sentido inveja de sua vitória merecida. Você sim é amigo dele, por ter se culpado de uma coisa que você conseguiu por méritos. Você lutou pelo seu sonho e chegou lá. Eu estou orgulhoso de meu neto ser um médico do nosso hospital.
Luciano foi em direção do avô e o abraçou bem forte:
Obrigado vovô, pelas suas palavras! Elas me ajudaram bastante.
Siga sua vida e verá que encontrará em seu caminho pessoas tão boas e sem vícios quanto você. A inveja atrasa o desenvolvimento de qualquer carreira, porque ela faz você perder tempos preciosos olhando a vida dos outros.

Eu me lembrarei disso, vô! – disse o rapaz sorrindo.

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